Poliana Okimoto

Como eu comecei a nadar provas de maratonas aquáticas

Fala galera,

Bem vindos ao primeiro texto do “Blog da Poli”, aqui vamos falar muito sobre natação, maratonas aquáticas, treinamento para as provas e muitas dicas de especialistas que possam te ajudar a entrar de vez no mundo das águas abertas.

E como não poderia deixar de ser, este primeiro post será falando como eu iniciei nas provas de travessias aquáticas.

Foi em 2005 minha primeira prova oficial. Travessia dos Fortes, 3.800m do forte de Copacabana até o forte do Leme. Gostaria de dizer que foi fácil, e que nadei tranquila. Mas não foi bem assim.

Sempre tive medo de nadar no mar, mesmo já sendo uma nadadora profissional, campeã brasileira e sulamericana, não me sentia à vontade desafiando o mar. Porém certo dia meu marido/ treinador assistiu a Travessia dos Fortes na TV, e viu todas as minhas principais adversárias lá, vencendo a prova, e foi aí que ele teve a brilhante ideia de me inscrever no ano seguinte. 

Quando ele me falou sobre a possibilidade de fazer a prova, eu quase tive uma síncope (risos), e esperei ele esquecer do assunto e continuei treinando. Mas ele não desistiu e se manteve firme na ideia de ir pro Rio de Janeiro fazer a prova.

Não tínhamos dinheiro nem patrocínio para nada naquela época, mas tínhamos a ajuda de muitos amigos na natação. Fomos de carona no micro-ônibus da Equipe Master “Nada Mais”, de Santos até o Rio e conseguimos um apoio do hotel que nos hospedamos.

Assim que chegamos fomos até o local da largada, para fazer um reconhecimento da prova, e treinar um pouco no local. Entrei no mar, dei duas braçadas e voltei chorando, morrendo de medo. Eu tinha certeza que não conseguiria fazer a prova no dia seguinte. Voltamos para o hotel, e tive a piro noite de insônia da minha vida. Eu tinha certeza que se eu entrasse naquele mar, meu destino seria a boca de um tubarão.

No dia da prova, acordei com a certeza que não competiria naquele dia, mas fui pra praia, pra assistir a prova. Meu marido, muito sábio e conhecendo a competidora em mim, me disse a seguinte frase: “ Não quer nem tentar? Tudo bem, deixa pra lá, deixa seus rivais ganharem.”

E foi assim que coloquei meu maiô, touca e óculos e fui me preparar pra grande desafio de superar não só a mim mesma, mas ao meu medo, e ao mar.

Sinceramente pensando hoje, o sofrimento foi muito maior antes de cair no mar, do que na prova em si. É claro que pensei em milhares de situações envolvendo perda de membros do meu corpo e desmaio no meio do mar, pensei até como seria o anúncio do Willian Bonner no Jornal Nacional (risos), mas tudo isso passou rápido quando me vi liderando a prova, com uma vantagem impressionante das outras competidoras. Tudo que importava pra mim naquele momento era chegar o mais rápido possível, e vencer a prova.

E foi o que aconteceu. Venci e bati o recorde da prova, e ali foi anunciado que a prova de Maratonas Aquáticas estreia nos próximos Jogos Olímpicos (Pequim 2008) e Jogos Panamericanos (Rio 2007).

Então com essa motivação a mais e aquele empurrão do marido/técnico resolvemos investir todas nossas forças para aprender e experimentar essa nova modalidade. Mal sabia eu que me apaixonaria por ela, e me tornaria a primeira nadadora brasileira campeã mundial e medalhista olímpica. Que bom que não desisti naquele fatídico dia do ano de 2005. Hoje minha maior motivação é fazer com que mais e mais pessoas também possam se apaixonar pelo universo das águas abertas.

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